segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Mandamentos na Graça?

Olá Vítor:
Na presente dispensação há mandamentos?
Por exemplo:
Quando Paulo diz: "Que guardes este mandamento sem mácula e repreensão, até à aparição de nosso Senhor Jesus Cristo" (I Timóteo 6:14);
"Ora,o fim do mandamento é o amor de um coração puro e de uma boa consciência e de uma fé não fingida" (I Timóteo 1:5).
E outros versículos. Como fazes a leitura interpretativa deste assunto?
Abraço,

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Não! Vejamos:
«Pois não estais debaixo da lei, e sim da graça…» (Romanos 6:14), e estando debaixo da graça, toda a vida deve ser vivida segunda a graça e não sob qualquer obrigação. A vida sob obrigação colide com a vida da graça: têm naturezas diferentes. É esse o sentido de Gálatas 5:16-18, que diz:
«Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito (ensino da graça), não estais debaixo da lei».
Os termos «carne» refere-se ao ensino da lei, ordenanças, mandamentos; e «espírito» refere-se ao ensino do Espírito, a revelação do Mistério, o ensino da graça que domina o “Corpo de Cristo”!
«Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito (ensino da graça), acabeis agora pela carne? (ensino da lei)» (Idem, 3:2-3).

E, sobre esta vida do Espírito diz:
«Contra essas coisas não há lei» (Idem, 5:23).

Ou seja, a vida do Espírito está muito acima da vida segundo o padrão da lei, e quem a vive segundo a regra da graça mais que satisfaz a lei (Romanos 5:17, 20) ou o que Deus espera de uma vida que é vivida segundo o padrão da lei!

No entanto, como somos seres humanos e afetados pelo pecado, algumas instrução são-nos colocadas com uma configuração de mandamento, mas não deve ser vivido nesse espírito, mas com entendimento de compreensão clara e completa da vontade de Deus!

«Vós… estando já manifestos como carta de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações. E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em Deus» (II Coríntios 3:14-15);

«Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito (entendimento) e não na caducidade da letra (mandamento)» (Romanos 7:6).

Vejamos mais, a natureza da graça nos dias da graça:
«Ora, àquele que faz qualquer obra, não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida…» (Romanos 4:4);
«E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça» (Romanos 11:6);
«Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça… E daí? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, e sim da graça? De modo nenhum!» (Romanos 6:14-15).

Assim que, quando os crentes andam hoje segundo mandamentos não passam de crianças e andam como crianças, à semelhança de Israel antes do tempo de maturidade… (Gálatas 4:23-25), e aqueles que assim andam «da Graça tendes caído…» (Gálatas 45:4);

E, que dizer dos textos supra citados que parecem revestir a forma de mandamento?

O único mandamento que temos é a graça:
«Se é que tendes ouvido a respeito da dispensação da graça de Deus a mim confiada para vós outros; pois, segundo uma revelação, me foi dado conhecer o mistério, conforme escrevi há pouco, resumidamente» (Efésios 3:2-3)

«Dispensação da graça de Deus» significa precisamente «Lei ou Instruções da casa da graça de Deus»! Ou seja, ser salvo pela graça e viver pela graça é o mandamento de Deus; e, quem não andar segundo a graça de Deus irá ser punido por Deus!
«E a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente connosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder» (II Tessalonicenses 1:7-9).

Por isso é que o Apóstolo Paulo fala de «obediência da fé»! Ou seja, a graça é imprescindível em qualquer circunstância: diga-se: a obrigação da graça!
«Pelo qual recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome» (Romanos 1:5);
«Porque não ousarei discorrer sobre coisa alguma, senão sobre aquelas que Cristo fez por meu intermédio, para conduzir os gentios à obediência, por palavra e por obras…» (Romanos 15:18);
«E que, agora, se tornou manifesto e foi dado a conhecer por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno, para a obediência por fé, entre todas as nações…» (Romanos 16:26);
«Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues» (Romanos 6:17).

E, quando o Apóstolo Paulo fala em guardar “este mandamento” refere-se «à doutrina da graça», e não a «mandamentos» objetivos, letras de lei, similares aos mandamentos de Moisés, dentro da presente dispensação. Notem bem o texto:
«Exorto-te, perante Deus, que preserva a vida de todas as coisas, e perante Cristo Jesus, que, diante de Pôncio Pilatos, fez a boa confissão, que guardes o mandato imaculado, irrepreensível, até à manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo» (II Timóteo 6:13-14).
«O mandato», com artigo definido enfático: «o». 1785 entolh entole, de 1781; TDNT-2:545,234; substantivo, feminino; Significa: 1) ordem, comando, dever, preceito.
«O mandamento imaculado», conforme «promessa eterna entregue por mandamento»:
«Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade segundo a piedade, na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos e, em tempos devidos, manifestou a sua palavra mediante a pregação que me foi confiada por mandato de Deus, nosso Salvador…» (Tito 1:1-4);

Este «mandamento» refere-se ao “corpo” de doutrina da Igreja “Corpo de Cristo” confiada ao Apóstolo Paulo para os gentios.

Mas há mais considerações a fazer sobre este assunto:
O Novo Testamento traduz «mandamento» três palavras:
Strong: 1785 entolh entole, de 1781; TDNT-2:545,234; substantivo, e significa: 1) ordem, comando, dever, preceito, injunção; 2) mandamento. O verbo «mandar»: 15 vezes no NT; Paulo não usa este verbo; o substantivo «mandamento»: 67 vezes no NT, sendo 18 vezes usado por Paulo, com referência a mandamentos gerais, mormente aos de Moisés (13x) e de Deus a Adão (2x) e em relação ao “corpo de doutrina” que recebera do Senhor (3x).
Strong: 2003 epitagh epitage, de 2004; TDNT-8:36,1156; substantivo, e significa: 1) Edito imperial, conforme septuaginta em Ester 1:8. O verbo «mandar»: 10 vezes no NT, nunca usado por Paulo; o substantivo «mandamento» 7 vezes no NT e sempre em Paulo e em relação ao seu apostolado, ou seja, foi constituído apóstolo por «Edito Imperial de Deus».
Strong: 3852 paraggelia paraggelia, de 3853; TDNT-5:761,776; substantivo; significado: 1) notificação, proclamação ou anúncio de uma mensagem a alguém… recomendações, exortações, instruções… como aquelas que se dão aos militares… aos atletas… etc. O substantivo «mandamento» é usado no NT 30 vezes, sendo 12 vezes usado por Paulo; o verbo «mandar» é usado no NT 5 vezes, sendo três em Paulo:
«Finalmente, irmãos, nós vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus que, como de nós recebestes, quanto à maneira por que deveis viver e agradar a Deus, e efetivamente estais fazendo, continueis progredindo cada vez mais; porque estais inteirados de quantas instruções vos demos da parte do Senhor Jesus. Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição…» (I Tessalonicenses 4:1-3);
«Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia» (I Timóteo 1:5);
«Este é a instrução que te encarrego, ó filho Timóteo, segundo as profecias de que antecipadamente foste objeto: combate, firmado nelas, o bom combate…» (Idem, 1:18)

A versão da JFA RA é mais esclarecedora: não traduz por mandamento, mas instrução e admoestação, exortação (Idem, 6:13 e 17)
Assim, vemos que não há aqui mandamentos, com o caracter que tinha os mandamentos levíticos e mosaicos, mas instruções assentes na vida da graça.

A importância de andar segundo estas regras, ou seja, o mandamento de não ter mandamentos: a “lei da graça” de não estar debaixo de leis”, mas debaixo da graça, tem a ver com o galardão que será determinado no tribunal de Cristo: viver segundo as regras da graça, ou seja, nã por mandamento, mas como adultos, com entendimento, com inteligência, com sabedoria, naturalmente e não como por obrigação.
«Igualmente, o atleta não é coroado se não correr segundo as normas
Fiel é esta palavra: Se já morremos com ele, também viveremos com ele; se perseveramos (nas normas da graça), também com ele reinaremos; se o negamos (à sua Palavra/doutrina), ele, por sua vez, nos negará; se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo…» (II Timóteo 2:5, 11-13).

Assim, o crente se quer andar segundo o modelo de Deus e de forma que agrade a Deus terá de andar como verdadeiro adulto, e não mais como menino, com mandamentos, com obrigações, sem entendimento, com símbolos, figuras e sombras, mas como adulto, inteligente, sábio, com total entendimento do que deve e como deve viver na “casa de Deus”.

Aconselho a ler, brevemente, o artigo que será postado “A Dispensação de Deus”!

A graça de Deus e o Deus de toda a graça seja connosco.
VPaço


sábado, 15 de fevereiro de 2014

Sede Completos Espiritualmente

Sede Completos Espiritualmente
Entendendo Efésios 5:18


O assunto do “enchimento do Espírito” é um tema muito preferido pela generalidade dos cristãos, mormente pelos crentes que tem uma influência carismática, desconhecendo a questão na sua essência e vivendo muito do que é comummente dito e das emoções que procuram ter.

Neste estudo não pretendemos ir a “reboque” do ensino que herdamos, nem de pensamentos humanos, mesmo oriundos daqueles que são reconhecidos como “homens” de Deus, nem assentamos a nossa fé nas convicções pessoais e particulares, mas, com a nossa investigação, procuramos ter a “nossa” própria fé, ou seja, a fé recebida diretamente do Senhor, pela Sua Palavra.

Então, vejamos o que o assunto nos trás! Comecemos por ler o texto sagrado:



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«14 Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.
15 Portanto, vede prudentemente como andais,
Não como néscios, mas como sábios, (16 remindo o tempo, porquanto os dias são maus).
17 Pelo que não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.
18 E não vos embriagueis com vinho (em que há contenda), mas enchei-vos do Espírito,
19 Falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração,
20 Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo,
21 Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus» (JFA, JC).


“E <2532> não <3361> vos embriagueis <3182> (5745) com vinho <3631>, no qual <1722> <3739><2076> (5748) dissolução <810>, mas <235> enchei-vos <4137> (5744) do <1722> Espírito <4151> (JFA, RA)














«E, não embriagueis vinho em que há dissolução, mas portai-vos como completos em (no) espírito».






Exame Exegético


Embriagueis:
Strong: 3182 meyuskw methusko, forma prolongada (transitiva) de 3184; TDNT-4:545,verbo; significado: 1) intoxicar, embebedar; 2) ficar bêbado, ficar intoxicado.

Textos:
Lucas 12:45 - Mas, se aquele servo disser consigo mesmo: Meu senhor tarda em vir, e passar a espancar os criados e as criadas, a comer, a beber e a embriagar-se <3182>,
Efésios 5:18 - E não vos embriagueis <3182> com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito,
I aos Tessalonicenses 5:7 - Ora, os que dormem dormem de noite, e os que se embriagam <3182> é de noite que se embriagam.


Contenda:
Strong: 810 aswtia asotia, de um composto de 1 (como partícula negativa) e um suposto derivado de 4982; TDNT-1:506,87; significado: 1) vida dissoluta, descontrolada; 2) desperdício, prodigalidade:

Textos:
Efésios 5:18 - E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução <810>, mas enchei-vos do Espírito,
Tito 1:6 - alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução <810>, nem são insubordinados.
1 Pedro 4:4 - Por isso, difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao mesmo excesso de devassidão <810>,


Enchei-vos:
Strong: 4137 plhrow pleroo, de 4134; TDNT-6:286,867; verbo. Significado: 1) tornar cheio, completar, i.e., preencher até o máximo; 2) tornar pleno, i.e., completar: 2a) preencher até o topo; 2b) consumar: um número; 2c) efetuar, trazer / a realização, realizar, cumprir.

Textos:
João 19:36 - E isto aconteceu para se cumprir <4137> a Escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado.
No Evangelho de João, 15 vezes, sendo 8 para “cumprir a Escritura”.
Romanos 8:4 - a fim de que o preceito da lei se cumprisse <4137> em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.
Romanos 13:8 - A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido <4137> a lei.
Romanos 15:13 - E o Deus da esperança vos encha <4137> de todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo.
Romanos 15:14 - E certo estou, meus irmãos, sim, eu mesmo, a vosso respeito, de que estais possuídos de bondade, cheios <4137> de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos outros.
Gálatas 5:14 - Porque toda a lei se cumpre <4137> em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Efésios 1:23 - a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche <4137> em todas as coisas.
Efésios 3:19 - e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados <4137> de toda a plenitude de Deus.
Efésios 4:10 - Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para completar <4137> todas as coisas.
Efésios 5:18 - E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos <4137> do Espírito,
Colossenses 1:9 - Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis <4137> de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual;
Colossenses 1:25 - da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento <4137> à palavra de Deus:
Colossenses 2:10 - Também, nele, estais aperfeiçoados <4137>. Ele é o cabeça de todo principado e potestade.
Colossenses 4:12 - Saúda-vos Epafras, que é dentre vós, servo de Cristo Jesus, o qual se esforça sobremaneira, continuamente, por vós nas orações, para que vos conserveis perfeitos e plenamente convictos <4137> em toda a vontade de Deus.
Colossenses 4:17 - Também dizei a Arquipo: atenta para o ministério que recebeste no Senhor, para o cumprires <4137>.





Comentário

1. Ambiguidade Exegética
Efésios 5: 18 é um dos versículos da Escritura mais prestado pela cristandade para promover o ensino e experiências cristãs nada concordantes com o ensino de Deus para a Igreja “Corpo de Cristo”!
«Não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos em espírito, falando entre vós com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor».


Primeiramente, devemos ter consciência que o apóstolo está a falar de "esclarecimento espiritual", pois diz: "Desperta... e Cristo te esclarecerá"! Desperta a mente, o espírito para a Palavra de Deus e sairás esclarecido por Cristo. Desperta do meio dos perdidos, que estão mortos, para andar segundo o Cristo de Deus, Cristo cabeça da Igreja na forma e condição que está nos lugares celestiais como cabeça da igreja. Isso é explicado nos versículos seguintes: vede prudentemente como andais... não sejais insensatos, mas entendei a vontade do Senhor... (o seu ensino para a igreja Corpo de Cristo), e não vos embriagueis com vinho, ou seja, não deis lugar à carne, como os que dormem... de noite... e se embriagam... de noite (ver I aos Tessalonicenses 5:4 a 11, e Romanos 13:11 a 14), mas sede completos espiritualmente com a palavra de Deus (com a vontade de Deus), ou sede cheios no vosso espírito (na vossa mente) com essa vontade de Deus, ou seja, com a Palavra do Cristo de Deus (como cabeça da Igreja), conforme Colossenses 3:16 e seguintes.

Este versículo é preferido pelos chamados “carismáticos” para ensinar que a vida do crente assenta numa experiência transcendente subsequente à sua salvação, que definem como a "segunda bênção", ou recebe o batismo ou a plenitude do Espírito. Mas, «o verbo "ser cheio" é pleroo (pleroo) em que é utilizado o caso acusativo da coisa preenchida, e o caso genitivo da matéria (conteúdo) com a qual é cheio e o caso dativo dos meios utilizados para realizar o enchimento»[1], a que obriga a outro entendimento.

Por vezes, a preposição “en” é acrescentada para enfatizar o agente. No português está traduzido como "cheios do"; o grego tem "sede cheios em". Alguns exegetas defendem que o emprego da preposição “en” (em espírito) deve-se entender no caso locativo. Qualquer uma destas questões gramaticais afasta irremediavelmente o entendimento tradicional desta frase: “enchei-vos do Espírito”.

Para entendermos isso, aqui vai um exemplo, entre muitos:
«Ora, o Deus de esperança vos encha [no grego: acusativo] de todo o gozo e paz em [no grego: en, como dativo] crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo» (Romanos 15:13).

Ou seja: empregue o caso dativo, que exprime a ideia do “meio” através do qual se opera o enchimento, será, neste texto, “em crença” ou “em fé”, ou através da fé. Assim: (1) Deus é que enche; (2) o conteúdo é o gozo e paz; (3) o meio é a fé… (4) que leva à esperança…

As interpretações mais comuns de enchimento, o meio ou o processo pelo qual uma pessoa é “cheia” não estão exegeticamente sincronizadas com o ensino Paulino. Elas são, em vez disso, desenhadas a partir de uma ampla variedade de textos, sem qualquer ligação explícita com o conceito de encher. A única associação de algumas (não todas) é que o espírito é mencionado. Com isto não queremos negar que um cristão deva depender da ação do Espírito Santo; mas, somente que não há nenhuma base textual para justificar o seu uso na definição do enchimento descrito em Efésios 5: 18.

Ora, este enchimento e os enchimentos que o Apóstolo Paulo refere nos seus escritos não podem ser explicados pelo ensino messiânico ou profético. O que o Apóstolo Paulo escreveu nos seus escritos só neles é que pode e deve ser encontrada a sua explicação.

Voltando, agora, a Efésios 5:18, teremos de estabelecer alguns pontos prévios que condicionam o entendimento do texto, designadamente:
«Existem regras gramaticais no idioma grego que nos conduzem ao sentido correto das verdades com relação ao “enchimento do Espírito”. As palavras que encontramos em Efésios 5:18, são: "...enchei­-vos do Espirito".
Em primeiro lugar, o verbo está no modo imperativo. Em outras palavras, o imperativo que sejamos cheios…, primeiramente por­que é um mandamento de Deus!
Em segundo lugar, o tempo do verbo é o pre­sente, e esse tempo, no modo imperativo, sempre re­presenta algo atual e em prosseguimento…
Em terceiro lugar, o verbo está no plural, o que nos ensina que tal mandamento foi endereçado não apenas ao pregador e ao diácono, ou só ao pro­fessor da Escola Dominical, mas igualmente a todo o crente…
Em quarto lugar, o verbo esta na voz passiva. Essa classificação gramatical apresenta o sujeito do verbo como inativo, sobre o qual é exercida a ação expressa pelo verbo. Isso nos ensina que o enchimento é obra de Deus».[2]
Em quinto lugar, a preposição encontra-se no caso dativo, que denota os meios utilizados, ou seja, não deve entender-se cheio com o Espírito, mas cheio através do Espírito[3];
Segundo o Dr. Arp e outros exegetas, que defendem o caso locativo, deve entender-se o texto como “cheio em espírito” ou “cheio no espírito”, como se referindo ao nosso espírito (mente).
Por isso, "ser cheio", estando no plural, modo imperativo, tempo presente, voz passiva e caso locativo, significa "sede continuamente cheios em espírito" (“en pneumati”), e através do Espírito “de (o) espírito” (se se entender como no caso dativo). E, estando no caso dativo, o Espírito é o meio pelo qual o enchimento é feito, e não a substância com a qual o crente é cheio. É o meio do enchimento!






2. Significado de Plhrow Pleroo (Encher/Completar)
Muitas interpretações de Efésios 5: 18 explicam que plhrow pleroo significa controlo. Mas o controle não é parte do sentido semântico de pleroo. Ele não está listado com tal significado em BAGD, LSD, TDNT, 4 NIDNTT, EDT, ou L & S[4]. Esse sentido parece exigir um esforço considerável para o defender, ao “ver” um aspeto adicional no significado que não é apoiado por nenhuma daquela ampla gama de léxicos autoritários – ainda que sejam defensores do entendimento do controlo; dizendo, simplesmente, que significa controlo sem (até onde eu pude descobrir) fundamentação, ou com pouca ou nenhuma argumentação. Tal definição confunde o significado da palavra (ou ação de modo descrito) com os resultados da ação.

A base provável que muitos assumem tal definição é o paralelo (mas mal pensado) popular com “embriagueis”, mas isso é insuficiente (e impreciso). Traduzir pleroo como controle implica causalidade: Um fator positivo, volitivo (especialmente quando descreve uma pessoa). Mas o vinho é um negativo, agente anti volitivo, que facilita a perda de controlo e da contenção. Isso torna as pessoas parecerem / sentirem-se mais ousadas, mais confiantes e capazes, porque as restrições morais de consciência e juízo moral (inibições, etiqueta, autocontrole, propriedade) ficam alterados. Como resultado, as pessoas fazem (ou tentam fazer) coisas que normalmente não fariam. O vinho não controla uma pessoa, mas remove os controlos. O resultado de ser cheio de vinho não é controlar pelo vinho, mas ter as ações descontroladas que se caraterizam como refletindo a influência debilitante do vinho.

Como já pudemos verificar pelos usos da palavra pleroo, ela significa preencher e completar, no sentido de cumprir, e não encher no sentido de “transbordar”. Não é, por isso, utilizado no seu sentido metafórico, determinado para descrever um processo em que um recipiente ou um objeto que tem/contêm uma substância e é alterado em função do que contém. Há um vazio ou espaço que é, após o enchimento, ocupado por uma substância anteriormente ausente. A mesma palavra pode ser usada metaforicamente numa variedade de sentidos marcados em que uma substância, quantificável e física, não está envolvida. Termos emocionais são frequentemente usados ​​desta maneira: preenchido com raiva / alegria / etc.. Antes do enchimento, a qualidade está ausente; depois é presente. Contanto que a falta não é entendida para exigir uma avaliação negativa, uma definição apropriada que é adaptável a uma larga variedade de usos é: para preencher ou fornecer o que falta ou está ausente.

Vejamos alguns usos:
Plhyw pletho (Strong: 4130) forma prolongada de uma palavra primária plew pleo (que aparece somente como uma alternativa em certos tempos e na forma reduplicada pimplhmi pimplemi); verbo: 1) preencher (conteúdo).

Textos:
Atos 2:4 – Todos ficaram cheios <4130> do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem.
Atos 4:8 – Então, Pedro, cheio <4130> do Espírito Santo, lhes disse: Autoridades do povo e anciãos,
Atos 4:31 – Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios <4130> do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus.


Plhrhv pleres (Strong: 4134) de 4130; TDNT-6:283,867; adjetivo: 1) cheio, i.e., preenchido, completo (em oposição a vazio).

Textos:
Atos 6:3 – Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios <4134> do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço;
Atos 6:5 – O parecer agradou a toda a comunidade; e elegeram Estêvão, homem cheio <4134> de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia.
Atos 6:8 – Estêvão, cheio <4134> de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.
Atos 7:55 – Mas Estêvão, cheio <4134> do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita…


Plhrow pleroo (Strong: 4137) de 4134; TDNT-6:286,867; verbo: 1) tornar cheio, completar, i.e., preencher até ao máximo.

Textos:
Atos 1:16 – Irmãos, convinha que se cumprisse <4137> a Escritura que o Espírito Santo proferiu anteriormente por boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam Jesus,
Atos 3:18 – mas Deus, assim, cumpriu <4137> o que dantes anunciara por boca de todos os profetas: que o seu Cristo havia de padecer.
Efésios 1:23 – a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche <4137> em todas as coisas.
Efésios 3:19 – e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados <4137> de toda a plenitude de Deus.
Efésios 4:10 – Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher <4137> todas as coisas.
Efésios 5:18 – E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos <4137> do Espírito,
Filipenses 1:11 – cheios <4137> do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus.
Filipenses 2:2 – completai <4137> a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento.
Filipenses 4:18 – Recebi tudo e tenho abundância; estou suprido <4137>, desde que Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa parte como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus.
Filipenses 4:19 – E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir <4137>, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades.
Colossenses 1:9 – Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis <4137> de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual;
Colossenses 1:25 – da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento <4137> à palavra de Deus:
Colossenses 2:10 – Também, nele, estais aperfeiçoados <4137>. Ele é o cabeça de todo principado e potestade.
Colossenses 4:12 – Saúda-vos Epafras, que é dentre vós, servo de Cristo Jesus, o qual se esforça sobremaneira, continuamente, por vós nas orações, para que vos conserveis perfeitos e plenamente convictos <4137> em toda a vontade de Deus.
Colossenses 4:17 – Também dizei a Arquipo: atenta para o ministério que recebeste no Senhor, para o cumprires <4137>.


Plhrwma pleroma (Strong: 4138) de 4137; TDNT-6:298,867; Substantivo: 1) aquilo que é (está) preenchido/completo.

Textos:
Efésios 1:10 – de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude <4138> dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da terra;
Efésios 1:23 – a qual é o seu corpo, a plenitude <4138> daquele que a tudo enche em todas as coisas.
Efésios 3:19 – e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude <4138> de Deus.
Efésios 4:13 – Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude <4138> de Cristo,
Colossenses 1:19 – porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude <4138>
Colossenses 2:9 – porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude <4138> da Divindade.


Resumindo: Os termos usados por Paulo têm o sentido de completar e estar completo (4137 e 4138), e não tanto de transbordar (4130 e 4134), habitual no programa profético.

Interessante atentar para o uso do verbo (pleroo) e do substantivo (pleroma) na epístola aos Efésios:
Efésios 1:10 – De fazer convergir nele, na dispensação da plenitude <4138 – substantivo> dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da terra;
Efésios 1:23 – Igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude <4138> daquele que a tudo enche <4137> em todas as coisas (A Igreja completa Aquele que completou tudo – 4:10);
Efésios 3:19 – E conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados <4137 – verbo: completos> de toda a plenitude <4138 – substantivo: a Igreja ou “o Corpo”, conforme 1:23> de Deus.
Efésios 4:10 – Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher <4137 – verbo: completar> todas as coisas.
Efésios 4:13 – Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita maturidade, à medida da estatura da plenitude <4138 – Substantivo: A Igreja, conforme o mesmo 1:23> de Cristo;
Efésios 5:18 – E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos <4137 – verbo: sede completos> do Espírito (antes: em espírito)


         
          Por outras palavras: "enchei-vos, no espírito e espiritualmente da plenitude de Deus (3:19), o "Corpo" de Cristo - aquilo que é a plenitude daquele que cumpre tudo em todos (v. 1:23). Sede cheios espiritualmente da plenitude de Deus.

Ora, esta correspondência ajuda-nos a determinar o que o Apóstolo quer referir-se com os termos usados e para o que ele os refere: ser cheio com aquilo que é completo: estar completos com aquilo que é completo, ou pleno. E não poderia entender-se de outra maneira; aquilo que é imperfeito e incompleto não pode completar ninguém. Por isso, lemos que Cristo subiu acima de todos os céus (a posição que o Corpo ocupa) para completar todas as coisas… (Efésios 4:10), e, assim, no estamos completos n’Ele (Colossenses 2:9-10), e é com isso que nos devemos encher, pois é isso que fala da nossa "perfeição" em Cristo.

Assim:

      (1)   O Senhor subiu à glória para cumprir ou completar o propósito eterno do Conselho de Deus (4:10 com 3:11), a Igreja “Corpo de Cristo”, que, por sua vez,
      (2)   (A Igreja “Corpo de Cristo”) é a plenitude ou o complemento de Cristo (no seu plano e propósito das riquezas da Sua graça – 1:23),
(     3)   E a “plenitude de Deus” (3:19, conforme 2:10);
(     4)   O Senhor deu dons à Igreja “Corpo de Cristo” para que todos cheguemos ao conhecimento pleno da “plenitude de Cristo”e da "plenitude de Deus", ou seja, de tudo o que diz respeito à Igreja “Corpo de Cristo” (4:11-13 conforme 1:23);
(     5)   A Palavra de Deus, a revelação do Espírito, que é a revelação do Mistério de Cristo confiada ao apóstolo Paulo, é a única forma de atingirmos esta maturidade espiritual – e, antes de nos distrairmos com o mundo (5:1-13), é melhor andarmos completos no espírito ou espiritualmente (5:18), que é estarmos cheios do conhecimento daquilo que é completo;
(     6)   Esta plenitude vai-se cumprir e diz respeito à “dispensação da plenitude” (1:9-10), que nos foi revelado (v. 9) pelo Espírito nos escritos do apóstolo Paulo (3:4-6); por isso devemos conhecer profundamente e sermos cheios com esta revelação, que cria em nós as condições para gozarmos a experiência deste plano glorioso da graça de Deus.



2.1 – A Relação de plhrow (pleroo), plhyw (pletho), e plhrhv (pleres)
Os verbos plhrow (pleroo) e plhyw (pletho) são essencialmente sinónimos para o uso do significado preencher. Eles são usados, no entanto, de maneiras distintas no NT, o que provavelmente significa que, ao tempo dos Apóstolos, os termos tenham alguma distinção entre si, mesmo que não seja óbvio para nós. Com base nos contextos em que cada um deles é utilizado, as seguintes diferenças funcionais podem ser sugeridos no uso NT.

O termo plhyw (pletho), quando se refere a um enchimento de / pelo Espírito Santo, descreve “algo repentino, atos sobrenaturais, situações inesperadas, fenómenos estrondosos, incidentes – orientado para atos de habitação; indefinidos quanto à duração, com duração contanto que o seu propósito e situação de demanda resultem em proclamação verbal".[5] Esta palavra ocorre em Lucas 1:15, 41, 67; Atos 2:4; 4:8, 31; 9:17 e 13:9. Apesar do fato de que ela seja usada somente em Lucas / Atos, as descrições contextuais dos pontos de eventos / condição são suficientes para determinar a diferença funcional com a palavra plhrovw (plerovo). Note-se em todos estas passagens:
"... Enfatiza o evento em vez do estado de plenitude. Sem condições foram necessárias para este recheio especial, mas em vez disso, o Espírito Santo veio sobre o povo soberanamente...
Este enchimento especial... não está diretamente relacionado com a espiritualidade. E uma vez que não há condições para cumprir, a fim de obter este enchimento especial, não podemos procura-lo. Concluímos, pois, que o "pimplemi" (pimplemi) descreve a metáfora de um recheio especial do Espírito Santo, que foi necessária aos profetas e apóstolos durante os dias finais do programa da Antiga Aliança e o início do programa da Nova Aliança Israelita".[6]

As palavras plhrovw plerov e plhvrhw plevreo são distintas na sua utilização (isto é, quando comparadas com pivmplhmi pivmplhmi).

O adjetivo plhvrhs (plevres) descreve uma condição de plenitude em que alguém / alguma coisa é caracterizada pela qualidade do que o preenche. O verbo plhrovw (plerovo) descreve o processo pelo qual essa condição é alcançada ou o estado em que ela existe (ver acima).

Os únicos textos que usam plhvrhs plevres em referência ao Espírito Santo também são limitadas a Lucas / Atos: Lucas 4:1 e Atos 6:3, 5; 7:55; 11:24. Em nenhum desses textos há a declaração verbal como um resultado do enchimento. Em vez disso, descreve a condição do indivíduo, caracterizada pela fé, sabedoria, ou do Espírito. Desde plhrovw plerovo e plhvrhs plevres são essencialmente a mesma palavra (verbo e adjetivo), e uma vez que é usada plhrovw plerovo do Espírito apenas uma vez (Efésios 5:18), é razoável esperar que eles têm significados semelhantes. O único fator que poderia alterar essa expectativa é se o contexto do uso solitário verbal desse significativas indicações contextuais que algo diferente estava em causa.

Como relacionado ao conceito de enchimento do Espírito, neste sentido, plhrovw plhrovo / plhvrhs plevres pode ser definida como "uma disposição caracterizada pelo controle do Espírito; envolvendo atitudes adequadas e habilidades que gradualmente se desenvolvem em algo que responde de bom grado à fiscalização indireta do Espírito nas suas circunstâncias e experiências, e são durativas na natureza, sendo adequado para a pessoa e aplicável a qualquer situação relevante".[7]
Assim, Paulo diz: “sede ou estai continuamente completos/plenos” (e não no sentido de transbordar… como de uma experiência sobrenatural e sentimental se tratasse).






3. Significado do Imperativo Presente Passivo
Imperativos passivos não são comuns no NT.[8] À primeira vista, as definições padrão para essas duas categorias: passivo e imperativo, parece contraditório: como alguém pode ser comandado (imperativo) e estar dependente de quem emana o comando (passivo)?[9] Existem várias explicações que explicam as várias categorias de imperativos passivos,[10] mas a explicação mais adequada deste texto é que plepow  pleroo é um verbo causativo na voz ativa. Como tal, o imperativo passivo descreve "a condição ou o estado resultante dessa ação".[11] Quando isso é combinado com o aspeto verbal indicado pela forma atual (aspeto imperfectivo: ação descrita como um processo contínuo) presumo que a instrução de Paulo é caracterizada por uma força continuada e uma condição permanente da plenitude por meio da ação do Espírito na nossa vida. Não é, em outras palavras, o tipo de instrução que requer do crente o cumprimento de um conjunto infinito de requisitos para ativar ou perpetuar o processo do enchimento (ou seja, não é cheio por "fazer algo a si mesmo para ser preenchido por fazer tal e tal"). Em vez disso, Paulo descreve a condição da plenitude espiritual que caracteriza os crentes maduros e exorta-os a continuar nas graças espirituais que produziram a esta condição: a Palavra de Deus.

Assim, reiteramos, o significado das palavras de Paulo: “sede… estai ou deixai-vos continuamente completar”!








 4. Significado de “En” em Efésios 5:18
No entendimento tradicional, a vida vitoriosa do crente implica, muitas vezes, (se não é declarado abertamente, fica implícito) que o Espírito seja, tanto o conteúdo com o qual o crente é cheio, assim como o agente que realiza o enchimento. Embora muitas vezes ensinado, o primeiro (conteúdo) pode ser eliminado gramaticalmente. A de construção en (en) + dativo nunca se refere ao conteúdo do enchimento, o que seria expresso pelo caso genitivo. A sugestão de que o “espírito” é o conteúdo do enchimento também coloca problemas teológicos em que isso implicaria na receção do Espírito numa fase de pós-conversão. Deve também notar-se que en (en) não expressa o agente que realiza o enchimento, mas, o meio do enchimento. O agente pessoal é expresso por upo (upo) + genitivo, e não por en (en) + dativo. O agente pessoal, na verdade, não está especificado no texto, apesar da teologia de Efésios (por exemplo, 3:14-21) poder ser assumido que é a obra de Cristo, com a en (en) + dativo. Paulo está descrevendo o estado espiritual necessário para que a obra de Cristo se realize no crente.
«16 Para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior;
17 Para que Cristo habite [a palavra], pela fé, no vosso coração [i.e. mente]; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, 18 poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade (da revelação do Mistério – O Cristo);
19 E conhecer o amor de Cristo [i.e. o plano do amor de Cristo], que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.
20 Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera, 21 a esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém!»
Tema: Cheios… corroborados…
Local: homem interior… no coração… em espírito (mente);
Base: As riquezas da glória (As bênçãos espirituais de 1:3);
A medida: Poder da Palavra de Deus;
Agente: o Espírito Santo;
Conteúdo: Conhecimento de Cristo – A revelação do Mistério de Cristo (3:5-6);
Resultado: A plenitude de Deus (conforme 1:23 e 4:11-12 – “O Corpo de Cristo”);
Efeitos: Adoração e louvor (vv. 20-21).

Assim, acrescentamos, Paulo está a dizer: “Estai ou deixai-vos (imperativo passivo) continuamente (presente) completar em…” (no ou através… conforme seja caso locativo ou dativo; e nunca “com” o Espírito [conteúdo], como os carismáticos ensinam, nem pelo – como agente da ação)!
Mas há mais aspetos que são necessários saber para chegarmos a um entendimento claro e completo do texto:







5. Significado de "espírito / Espírito"
A grande questão que se coloca é de saber se o Apóstolo se refere ao Espírito Santo ou ao nosso espírito (espírito humano). A generalidade das versões traduz “espírito” com letra maiúscula, o que condiciona à partida a interpretação. Mas, como disse um exegeta das Escrituras: algumas traduções são mais interpretações que traduções; e muitos tradutores condicionaram as suas traduções pelo entendimento que tinham das Escrituras, dando, em alguns casos, o sentido diverso do original, como é o presente dado.

A discussão anterior parte do pressuposto que pneuma pneuma se refere ao Espírito Santo[12]. Mas, os exegetas mais recentes dividem-se no entendimento e na determinação do verdadeiro sentido da palavra pneuma: se se refere ao Espírito de Deus, ou se se refere ao espírito do crente. E, diga-se, com fortes argumentos e fundamentos de cada uma das posições.

Por outro lado, o emprego gramatical dos termos usados deixam muitas questões no ar, como seja: Sendo usado o modo imperativo na voz passiva, em que a ação não depende do sujeito, mas do agente da passiva, como poderemos ser cheios do Espírito Santo se seria Ele que enche? Como poderia o Espírito Santo impor uma ordem que depende de si mesmo?

O Dr. Arp (com acordo de Lenski, Abbott, Westcott), por sua vez, defende que pneuma refere-se ao espírito humano, conforme alguns breves comentários que seguem:
Que pneuma pneuma pode referir-se ao espírito humano não está em discussão aqui. A questão é se, nesta passagem, pneuma se refere ao espírito humano. O Dr. Arp dá as seguintes razões para a sua conclusão:
1.      "En" (em) deve ser entendido como locativo e, portanto, faz mais sentido que se refira ao espírito humano do que ao Espírito de Deus;
2.      O contexto favorece a referência ao espírito humano.

Quanto ao significado da preposição "En", o principal argumento do Dr. Arp é que o significado primário de en é (locativo)[13] e que esse significado deve ser assumido a menos que uma boa razão possa mostrar o contrário.

Ele parte do pressuposto que podem ser considerados quatro usos (agente, instrumento, conteúdo e local) e rejeita os primeiros três, pela imperatividade gramatical. Quanto aos sentidos de agente e conteúdo, não há qualquer dúvida; quanto ao instrumento, ou seja, o meio de que depende ou não o que está a ser distinguido, já será mais discutível. No entanto, ele rejeita o instrumento, porque não há outro exemplo de plhrovw plerovo seguido por “en” que indique isso. Além disso, quase todos os outros usos do NT plerovo + "En" (8 ×) têm o significado de cumprir em vez de encher com um conteúdo (todos eles são locativos), que são paralelos ao uso em Efésios 5: 18. Há outro exemplo com o qual é possível compará-lo – Colossenses 2:10 – o que provavelmente é locativo.

O segundo argumento, de que o contexto favorece uma referência ao espírito humano, é baseado em apenas um fator contextual: que "En" é locativo. Se esta conclusão é correta, então sim, o espírito humano faz o melhor sentido. 

Mas, não só o contexto aponta para isso: para espírito humano, ou seja, a nossa mente, o nosso entendimento, como o local onde o Espírito Santo atua (conforme Romanos 8:16), como os usos que o Apóstolo Paulo faz do termo “espírito”, como mente ou entendimento. Vejamos alguns usos:

«Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, é minha testemunha de como incessantemente faço menção de vós» (Romanos 1:9);
«Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra» (Romanos 7:6);

«Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado… que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito» (Romanos 7:25-8:1);

«Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive, por causa da justiça» (Romanos 8:10);

«Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis» (Romanos 8:13);

«Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente… Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo» (I Coríntios 2:11-12, 16).

«Eu, na verdade, ainda que ausente em pessoa, mas presente em espírito, já sentenciei, como se estivesse presente, que o autor de tal infâmia seja…» (I Coríntios 5:3);

«Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele…» (Efésios 1:17).
«E vos renoveis no espírito do vosso entendimento…» (Efésios 4:23);

«Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo, para que, ou indo ver-vos ou estando ausente, ouça, no tocante a vós outros, que estais firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica» (Filipenses 1:27);

«Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne» (Filipenses 3:3).

Entre outros…



Por isso, temos fortes evidências que o Apóstolo se refira ao espírito humano, embora ninguém saiba ao certo o que "na sua mente" significaria “em espírito”;[14] Por isso, muito provavelmente ele se refira ao nosso espírito, como o campo onde Deus trabalha ou, como em 1:17, a uma atitude espiritual.

Assim, há duas consistentes interpretações gramaticais no texto: (1) o “em espírito” estar no caso dativo e, nesta situação referir-se-ia ao Espírito Santo de Deus, querendo o Apóstolo dizer: “enchei-vos através do Espírito Santo…” ou (2) o “em espírito” estar no caso locativo e o Apóstolo esteja a dizer para “estarmos completos em espírito…” ou no nosso espírito, com aquilo que é completo.

Qualquer uma das posições nos conduzem a um só conteúdo, como veremos mais adiante: a Palavra de Cristo.

Assim, e no fim deste Ponto, concluímos que o Apóstolo esteja a dizer: “estai ou deixai-vos completar continuamente em espírito…” (no vosso espírito ou na vossa mente), “através da ação do Espírito de Deus…”, na sequência da oração que tinha feito antes, no capítulo 1:

«16 Não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações, 17 para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação, 18 tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais…»

Deus, à medida que crescemos no Seu conhecimento, dá-nos um espírito (entendimento completo) da sua sabedoria revelada, iluminando os nossos entendimentos para sabermos a Sua vontade…

E na sequência da oração que fez no capítulo 3:

«16 Para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior; 17 Para que Cristo habite [a palavra], pela fé, no vosso coração [mente]; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, 18 poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade (da revelação do Mistério – O Cristo); 19 E conhecer o amor de Cristo [i.e. plano do amor de Cristo], que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus».

A linguagem é a mesma do nosso texto:
«14 Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.
15 Portanto, vede prudentemente como andais,
Não como néscios, mas como sábios
17 Não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.
18 E não vos embriagueis com vinho (em que há “mundo”), mas andai deixando-vos completar continuamente no espírito…»

No “nosso espírito…”, porque é ali que a obra de Deus se constrói e se forma. É no nosso espírito que o Espírito de Deus trabalha, nos ensina, nos ajuda, nos fortalece, testifica, conforta, confirma, etc.[15] Por isso, faz todo o sentido. E, só com um espírito completo, ou maduro, é que o crente tem condições para ser um instrumento de Deus na Sua obra.






6. O Conteúdo
Depois destes esclarecimentos surge-nos a questão: se é estar completos no espírito, ou através do Espírito de Deus, qual é o conteúdo da plenitude? Devemos nos deixar cumprir ou completar com quê?

Já foi demonstrado gramaticalmente que o conteúdo não é o “Espírito Santo” (Pessoa), uma vez que a expressão não se encontra no caso genitivo. Além disso, sendo empregue o imperativo na voz passiva, não fazia sentido o Espírito mandar encher, sendo ele o agente, o conteúdo e a condição do enchimento!

Por outro lado, sendo empregue no caso dativo da matéria (conteúdo), em que a referência seria ao Espírito Santo como meio de encher o conteúdo, como que dizendo: “deixai-vos encher através do Espírito…”, ficaria a questão: “encher com quê?”

Repito: sendo empregue no caso dativo… e empregue com referência ao Espírito santo, em que Ele é o meio… deixai-vos encher em… ou através do Espírito… surge a pergunta: com quê?

E, sendo no caso locativo, e empregue em relação ao espírito humano: “em” ou no (vosso) espírito, surge a mesma pergunta: encher a mente com quê?

Quaisquer umas das posições conduzem-nos a um só conteúdo: A Palavra de Cristo – A Palavra de Cristo e acerca de Cristo glorificado, como cabeça do Corpo da Igreja e da própria Igreja “Corpo de Cristo”.

Por isso chamamos a atenção para o uso do verbo nos diversos usos de Paulo, que normalmente usa o verbo com o substantivo: cheios daquilo que está cheio, ou seja, estai completos/plenos com aquilo que é completo (o Corpo de Cristo – 1:23, com 3:19 e 4:12-13) e está completo (a revelação do Corpo de Cristo – Colossenses 1:25 com II Timóteo 4:17).

Pelo que, cremos que se trata da Palavra de Deus acerca do Cristo de Deus, a plenitude de Cristo (1:23) e a plenitude de Deus (3:15-19).


Isso é perfeitamente claro no texto paralelo de Colossenses 3: 16-17, senão vejamos:
«16 A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração. 17 E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai».

Notemos os paralelismos feitos, especialmente entre Efésios 5: 18-20 e Colossenses 3: 15-17, como demostrado na tabela abaixo. O estreito paralelo entre essas duas passagens sugere fortemente que elas estão discutindo o mesmo tema, chamado “enchimento em espírito” em Efésios e “habitação completa da palavra” em Colossenses. O primeiro dos paralelismos são os particípios adverbiais provavelmente exprimindo o meio ("fazer isso…, fazendo...") e os outros provavelmente são particípios de circunstância (algo que se faz ao fazer o primeiro). Estes paralelismos ajudam a definir o que se entende: estar completo em espírito é o mesmo que permitir que a palavra de Cristo habite abundantemente em nós…




EFÉSIOS 5: 17-20
COLOSSENSES 3: 15-17
Efésios 3:15-21
2:14 Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um;
4: 3 Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz:
15 E a paz de Cristo, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos.
E peço:
15 Segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder…
17 Estando arraigados e fundados em amor
17 Pelo que não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.
10 E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;

18 Poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade (da revelação do Mistério – O Cristo);
18 E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas sede cheios (sede completos) em espírito (no homem interior),
16 A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, (no homem interior… em espírito)
17 Para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração… (em espírito)
19 Falando entre vós…
Ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros,
Poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos,…
…Com salmos, e hinos, e cânticos espirituais,
…Com salmos, hinos e cânticos espirituais;
21 A Esse glória na igreja…
…Cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração,
…Cantando ao Senhor com graça em vosso coração.
19 E conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus
20 Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo,
17 E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.
20 Ora, àquele que é poderoso…

21 Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus.




Mesmo tratando-se do caso dativo que empregue no nosso texto, e “em Espírito” se refira ao “Espírito” de Deus, pode ser uma referência direta à Palavra de Deus, como é feito por Paulo em muitas situações. “Espírito” não como pessoa, mas como “manifestações do Espírito”, que reveste o caráter do doador. Espírito e Palavra são indissociáveis e, em muitas vezes, a mesma coisa: se não diretamente, está implícito. Vejamos alguns exemplos:

O Evangelho de João, capítulo 14, revela que o ministério do Espírito Santo está associado com as coisas de Cristo:
«13 Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir. 14 Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar.

O Senhor afirmou que as “suas palavras são espírito e vida” (João 6:63).

Esta associação de Espírito e Palavra percorre toda a Escritura, desde o Antigo Testamento. Do início da criação lemos:
«…E o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus…» (Génesis 1:2-3).

Sobre isso, diz o Salmo 33:
«Pela palavra do SENHOR foram feitos os céus; e todo o exército deles, pelo espírito da sua boca» (v. 6).

Paulo diz:
«Toda Escritura divinamente inspirada…» (II Timóteo 3:16).[16]


Inspirada (Strong: 2315 yeopneustov theopneustos), ou seja, theos (Deus) + Pneo (vento, do espírito). A palavra de Deus tem a sua inspiração ou ação do Seu Espírito: sai do Seu espírito (mente) e é comunicada pela pessoa do Espírito Santo.
«Então, entrou em mim o Espírito, quando falava comigo, e me pôs em pé, e ouvi o que me falava» (Ezequiel 2:2).


Pode ser recordado, ainda, que no dia de Pentecostes, «estando todos cheios do Espírito Santo, começaram a falar línguas… conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem» (Atos 2:4).

No nosso texto não é diferente:
«Cheios pelo Espírito… falando entre vós…»[17]

Em suma: Espírito e Palavra de Deus são indissociáveis!

Agora, sugiro que façamos um exercício de ler “Palavra” ou “Evangelho” onde está “Espírito”; o texto resulta consistentemente claro e objetivo[18]. Vejamos:
«Mas, agora, estamos livres da lei, pois morremos para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito (do Evangelho), e não na velhice da letra» (Romanos 7:6);
«Porque a lei do Espírito (Evangelho) de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte. (conforme 7:23 – Mas vejo nos meus membros outra lei que batalha contra a lei do meu entendimento e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros)» (Romanos 8:2);
«Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo espírito (Palavra) mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos os que são guiados pelo Espírito (Palavra) de Deus, esses são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito (Palavra) de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito (Palavra) de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito (Palavra) testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus» (Romanos 8:13-16);
«Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito (Espírito e Evangelho); porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. Mas nós não recebemos o espírito (a mente/ palavra) do mundo, mas o Espírito (Evangelho) que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus. As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais. Ora, o homem natural não compreende as coisas (Palavra) do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo» (I Coríntios 2:10-16);
«O qual nos fez também capazes de ser ministros dum novo testamento, não da letra (Lei), mas do Espírito (Evangelho); porque a letra mata, e o Espírito (Evangelho) vivifica. E, se o ministério da morte (Lei), gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual era transitória, como não será de maior glória o ministério do Espírito (Evangelho)? Porque, se o ministério da condenação (Lei) foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça (Evangelho). Porque também o que foi glorificado, nesta parte, não foi glorificado, por causa desta excelente glória (II Coríntios 3:6-10).
«Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé (Evangelho)? Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito (Evangelho), acabeis agora pela carne? (Lei)» (Gálatas 3:2-3);
«Porque nós, pelo espírito (Evangelho) da fé, aguardamos a esperança da justiça» (Gálatas 5:5);
«Digo, porém: Andai em Espírito (Evangelho) e não cumprireis a concupiscência da carne (Lei). Porque a carne (a Lei) opõe-se ao Espírito (Evangelho), e o Espírito (Evangelho), opõe-se à carne (Lei); e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito (Evangelho), não estais debaixo da lei… Se vivemos no Espírito (no Evangelho), andemos também no Espírito (pelo Evangelho)» (Gálatas 5:16-18, 25);
«O qual, noutros séculos, não foi manifestado aos filhos dos homens, como, agora, tem sido revelado pelo Espírito (Evangelho) aos seus santos apóstolos e profetas…» (Efésios 3:5);
«Não extingais o Espírito (o Evangelho); Não desprezeis as profecias…» (I Tessalonicenses 5:18-19);
«Mas o Espírito (a Palavra) expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios…» (I Timóteo 4:1).

São, assim, alguns exemplos como poderemos ver implícito ou expresso o Evangelho ou a Palavra de Deus, a Revelação do Mistério confiado a Paulo, que contrasta com o ensino do mundo e da própria Lei (carne, no sentido de humano).

Posto isto, poderemos muito bem entender o texto em consideração como “estai completos com aquilo que é completo: a Palavra de Deus”. Ou noutras palavras: “estai completos através da Palavra de Cristo”, que, segundo o versículo 14, refere-se ao “Cristo te esclarecerá…”, e com a “vontade de Deus” do versículo 17.

Faz sentido? No meu espírito faz muito sentido: quer pelo texto, pelo contexto, pela linguagem habitual do Apóstolo Paulo, como pela mensagem de Deus revelada a Paulo: no conteúdo, nos meios e no propósito.








7. Paralelo Estrutural
Observe o paralelismo estrutural nos vv. 15 a 18 (ambos os versos contêm uma mhv mhv / allav ajllav [não/mas] par):
Vede prudentemente como andais:
Não como néscios (versus) mas como sábios…
Não sejais insensatos, 17a = Não vos embriagueis com vinho, 18a
Compreender a vontade do Senhor, 17b = Sede completos em espírito, 18b

Assim, o texto dá-nos a entender que a vontade do Senhor (17b) está em paralelo com o estar completo no espírito (18b), especialmente se é para ser entendido em termos do ministério do Espírito usando a Palavra de Cristo, as Escrituras na vida do crente (Colossenses 3), através do qual a vontade do Senhor é conhecida. 

E, se quisermos fazer a sua aplicação para o texto do versículo 18 o apóstolo quer que não sejamos néscios, insensatos ou embriagados com vinho em que perdemos o "entendimento" das coisas, mas, como adultos, sejamos sábios, entendidos e perfeitos no entendimento daquilo que é completo: a Igreja "Corpo de Cristo", conforme a revelação do Mistério confiada a Paulo para o tempo presente da graça.









8. O Processo
Como é que eu poderei ser cheio em espírito da Palavra de Deus, ou como poderei deixar-me encher, pelo Espírito Santo da Palavra de Deus?

O que o Apóstolo Paulo diz sobre o assunto?

Analisando Colossenses 3:16, onde o Apóstolo diz: “A Palavra de Cristo habite em vós ricamente…” ou “abundantemente”, concluímos que não poderemos abundar da Palavra de Cristo se a negligenciarmos, se não nos aplicamos à sua leitura, meditação e estudo.

Isto significa que não é suficiente sermos uns “desenrascados” da Palavra de Deus, mas “mestres”, “doutores”, cultos e entendidos. Quando a Escritura nos considera “adultos” isso está subentendido.


Não poderemos falar dos escritos de Paulo sem passar pelas palavras que ele escreveu a Timóteo:
«Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade» (II, 2:15).


Frequentemente falamos do sentido da palavra “manejar” (Grego: Strong: 3718 oryotomew orthotomeo, de um composto de 3717 e a raiz de 5114; verbo), que significa cortar a direito, como o alfaiate corta a fazenda, partir direito, como o pai de família corta o pão e divide pela mesa, atalhar caminho, etc.
Por isso, não se trata de conhecer intelectualmente as Escritura, mas conhecê-las profundamente, ao ponto de saber como dividir as Escrituras. Ou melhor: nós não temos que dividir as Escrituras, mas reconhecer a sua divisão, como o próprio Pedro faz na sua II Epístola:
«…Todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição» (3:15-16).

As suas… e as outras Escrituras…!

Também é importante que se diga que “A Palavra de Cristo” é mais que as “palavras que Cristo falou e revelou a Paulo”. Trata-se da Palavra acerca do Cristo glorificado, com tudo o que o reveste, designadamente posição, funções e propósito, que se resume ao título de “Cabeça do Corpo da Igreja” (Colossenses 1:18).
«Considera (gr. “pensa com a mente”) o que digo, porque o Senhor te dará entendimento em tudo» (II Timóteo 2:7).

Este era o pensamento do Apóstolo:
«E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo» (3:8).
«Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação…» (Efésios 1:17);
«Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo» (Efésios 4:13);
«Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual…» (Colossenses 1:9);
«E vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou…» (Colossenses 3:10).

O pleno conhecimento… é uma mente, um espírito cheio da palavra de Cristo e, assim, completo espiritualmente! Como? Através da palavra de Cristo. Isto é a obra do Espírito de Deus.
Por isso, também, resistir à Palavra de Deus é o mesmo que resistir a Deus e ao Espírito Santo:
«8 E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. 9 E levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos Libertos, e dos cireneus, e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão. 10 E não podiam resistir à sabedoria e ao espírito com que falava
«51 Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim, vós sois como vossos pais» (Atos 7).

E pode ser muito bem aplicado ao nosso texto e assunto: “Palavra de Cristo”. Resistir à palavra de Cristo é mesmo resistir a Deus e ao Espírito de Deus, como escreveu o Apóstolo:
«Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho. E em nada vos espanteis dos que resistem, o que para eles, na verdade, é indício de perdição, mas, para vós, de salvação, e isto de Deus» (Filipenses 1:27-28).








9. Manifestação Espiritual
E como entender as palavras do escritor sagrado?
19 Falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração,
20 Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo,
21 Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus» (JFA, JC).

«Falando… dando graças… sujeitando-vos…» é o processo ou as manifestações da verdadeira espiritualidade? De uma mente cheia da Palavra do Espírito de Deus…

Entendo estas palavras mais como o efeito de uma vida completa espiritualmente, como alguém que tem um espírito cheio da Palavra de Deus, e com o qual o Espírito de Deus testifica continuamente…

Aquele que está cheio da Palavra de Deus sabe perfeitamente o que agrada a Deus e louva-o… no íntimo, no coração, no homem interior, em espírito, dando-lhe graças… em nome do Senhor Jesus Cristo, o cabeça da Igreja… e com os demais membros do “Corpo” sujeitam-se uns aos outros no temor de Deus… ou seja, na Palavra de Deus!

Claro está que não vemos manifestações visíveis e materiais, como acontecerá no programa Profético. A manifestação do Espírito de Deus no programa messiânico era com formas extraordinárias, com sinais, prodígios e maravilhas… «E, esses sinais seguiriam aos que criam…» (Marcos 16:17).

Agora, no presente programa da Graça de Deus, a manifestação do Espírito de Deus é de forma espiritual, no coração, no homem interior, nas coisas que não se veem:

Por isso lemos:
«Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estas três; mas a maior destas é o amor» (I aos Coríntios 13:13).
«Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança (Gálatas 5:22);
«E vos renoveis no espírito do vosso sentido, e vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade» (Efésios 4:23-24).
«Porque o fruto do Espírito [gr. "luz", i.e. a natureza do "corpo de Cristo" na glória, e revelado na Palavra do Mistério; por isso, sinónimo de "Palavra da Luz"] está em toda bondade, e justiça, e verdade» (Efésios 5:9);
«Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas» (II aos Coríntios 4:18);
«Porque andamos por fé e não por vista» (Idem, 5:7).
«Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza» (Idem, 11:30);
«Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, então, sou forte» (Idem, 12:10).


É claro que tudo isto se manifesta no nosso comportamento do dia-a-dia. Mas, a sua manifestação é em função da revelação do Mistério, a palavra acerca do Cristo glorificado e da posição da Igreja n’ Ele, como livres do mundo, do mundanismo e dos rudimentos do mundo, como seja, com os demais crentes (Efésios 4:1-16), com a sociedade perdida (4:17-5:13); em família (5:19-6:10); com as autoridades (Romanos 13:1-10), etc. Será uma vida que ande segundo a regra do ensino da graça, sem formalismos, ritualismos, purificações da carne, obras de santificação e consagração… pois já estamos perfeitos em Cristo. Somos chamados a assumir o que somos em Cristo, simplesmente.

«A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o nosso espírito»:

Gálatas 6:18 – A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito. Amém!

Filipenses 4:23 – A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o vosso espírito.

I Tessalonicenses 5:23 – O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.

Filémon 1:25 – A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o vosso espírito.

II Timóteo 4:22 – O Senhor seja com o teu espírito. A graça seja convosco.


Vítor Pereira do Paço
Espinho, 2013_02




[1] Stuart Allen
[2] Kenneth S. Wuest
[3] Stuart Allen
[4] Os melhores dicionários e exegeses conhecidos.
[5] Richard G. Fairman, in "An Exegesis of `Filling' Texts which Refer to the Doctrine of Filling" (Uma exegese dos textos de 'Enchimento' referentes à doutrina do enchimento); Th.D. diss., Grace Theological Seminary, 1986, pg. 328.
[6] Pettegrew, New Covenant Ministry of the Spirit, (Ministério Nova Aliança do Espírito Santo), 209.
[7] Fairman, "Exegesis of `Filling' Texts" (Exegese do Enchimento, Textos), 32.
[8] Os imperativos no N.T. são 1.630, mas apenas 156 são imperativos passivos, e desses, apenas 78 são imperativos passivos no presente.
[9] Como Boyer coloca: "Na superfície parece haver algo de estranho com um imperativo passivo, um comando dirigido a alguém que não é o executor da ação, mas seu destinatário. Ao pecador é dito que tem de ser batizado para ser salvo, considerando que ele não pode fazer nenhum dos dois. A uma árvore é dito para “será arrancada e lançada ao mar” (GTJ 8 [1987]: 49).
[10] Alguns são depoentes passivos, outros são transformadores passivos de construções ativas, ver Boyer, GTJ 8 [1987]: 49; Para mais detalhes sobre estas categorias adicionais.
[11] Boyer, GTJ 8 [1987]: 49. Boyer ilustra o termo pobew: "O verbo grego agora na voz ativa em média mais velho para assustar". No passivo significa 'ter medo, de ter medo', ou simplesmente 'a temer’." Estritamente falando, não é depoente, uma vez que o ativo ocorre em grego, mas na verdade é um verbo depoente referindo-se à condição causada pela ação envolvido na forma ativa do verbo". (Ibid., 49-50).
[12] Segundo esta argumentação, a instrução de Paulo seria: “ser cheio/completo em espírito” (assim o grego literal). “Não vos embriagueis com vinho, onde perdeis a razão, mas sede perfeitos na razão (espírito) ”, ou seja, sede maduros, ou estai completos em espírito. Assim, o Apóstolo está a dizer para que o nosso espírito fique completo com a Palavra de Cristo, conforme Colossenses 3:16, que, por sua vez, se manifesta no ensino e nas admoestações, no louvor e ação de graças.
[13] caso locativo é um caso gramatical geralmente usado para indicar o nome referente a um lugar. O caso locativo ocorre nos idiomas gregolatimjaponêseslovaco e no russo dentre outros. Em Português, ele aparece em construções frasais, geralmente regido pela preposições em ou pelas contrações no, na, nos, nas. Ele também aparece marcado pelo pronome onde… (Wikipedia)
[14] Uma possível explicação é a de Lincoln (Efésios, WBC, 287): "Em Efésios – Característica de pleonasmo, acumulação de sinónimos, espírito e mente são utilizados para designar o ser mais íntimo de uma pessoa".
[15] Nota pessoal: creio que é, também, no nosso espírito, que Deus faz a Sua morada no crente!
[16] Pedro, também diz: «…Mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo» (II Pedro 1:21).
[17] Se se considerar o caso dativo, deve entender-se assim.
[18] Assim entende vários comentadores e exegetas bíblicos:
«Em 2 Coríntios 3:6 e 2 Coríntios 3:8, a palavra το πνευμα, “o espírito”, evidentemente significa “o Evangelho”, assim chamado porque aponta para a natureza espiritual do evangelho, que contrasta com a lei, porque ele tem uma natureza espiritual e produz efeitos espirituais, e especialmente porque é a dispensação espiritual (em contraste com a lei)» (Clarke).
«Que o termo "letra" e "espírito" significam o judaísmo e o cristianismo é claro, em primeiro lugar pelo fato de que estes são o que ele continua a comparar nos versos que se seguem e, segundo, porque eles são os termos que ele usa em outros lugares no mesmo sentido…» (Arthur W. Pink).